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Projeto de Lei nº 52/2012

Ementa

ALTERA A LEI Nº 14.485, DE 19 DE JULHO DE 2007, PARA INCLUIR O DIA DO BAIRRO DE CAMBUCI A SER COMEMORADO ANUALMENTE NO DIA 19 DE DEZEMBRO E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS

Autor

Dalton Silvano

Apoiadores

Anibal de Freitas

Data de apresentação

28/02/2012

Processo

01-0052/2012

Situação

aprovada

Norma aprovada

Lei nº 15.664, de 13 de dezembro de 2012

Comissões designadas

Tramitação

Deliberação

Encaminhamento

Encerramento

Processo encerrado em 13/12/2012 (PROMULGADO)

Documentos

Links relacionados

Câmara Municipal de São Paulo (SPLegis)
Câmara Municipal de São Paulo (Biblioteca)

Redação original

"Altera a Lei nº 14.485, de 19 de julho de 2007, para incluir o Dia do Bairro de Cambuci a ser comemorado anualmente no dia 19 de dezembro e dá outras providências."

A Câmara Municipal de São Paulo decreta:

Art. 1º Fica acrescido inciso ao art. 7º da Lei nº 14.485, de 19 de julho de 2007, com a seguinte redação:

19 de dezembro: "O Dia do Bairro do Cambuci."

Art. 2º As despesas decorrentes da execução desta lei correrão por conta das dotações orçamentárias próprias.

Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Câmara Municipal de São Paulo, 15 de fevereiro de 2012. Às Comissões competentes."

"JUSTIFICATIVA

CAMBUCI foi o caminho de tropeiros e viajantes

Conhecido desde o século 16, o Cambuci é um dos bairros mais antigos da cidade que se têm registro. Seu nome nasceu devido à grande quantidade de cambuci, uma árvore de boa madeira e com um fruto em formato de pote, apreciado em infusão com aguardente, que existia no local.

Nos primórdios da São Paulo de Piratininga, passava pela região de Cambuci uma trilha que dava acesso ao Caminho do Mar, utilizado por tropeiros para chegar em Santos. Aos poucos, principalmente a partir de 1850, desenvolveu-se ao redor da trilha um pequeno comércio e algumas chácaras, sítios e fazendas.

No passado, na região era considerado uma divisa entre a cidade e a zona rural. O que separava essas zonas era um córrego que existiu no lugar onde hoje é a rua dos Lavapés. Lá, para os tropeiros e viajantes que entravam na cidade pela baixada da Glória, era hábito lavar os pés e dar de beber aos animais antes de seguir para a zona urbana.

Aos poucos, principalmente a partir de 1850, desenvolveram-se ao redor da trilha um pequeno comércio e algumas chácaras, sítios e fazendas.

Por volta de 1870, foi erguida no bairro a Capela Nossa Senhora de Lourdes. Segundo moradores, a capela teria sido construída em razão da devoção de Eulália Assumpção e Silva (1834-1894), responsável pela construção do santuário, a Santa de Lourdes. A igrejinha reproduz com fidelidade o cenário da gruta da cidade francesa que leva o mesmo nome da santa.

A riqueza produzida pelo grande cultivo do café, sobretudo com o auge da produção em 1870 no oeste paulista, atraiu a vinda de imigrantes para substituir a mão de obra negra nos últimos dias da escravidão. Bairros como o Cambuci, o Braz e a Mooca acolheram grandes levas desses imigrantes.

Com a construção do Museu do Ipiranga (Museu Paulista), em 1890, e da linha de bonde que atravessava o Cambuci, ligando o centro da cidade ao museu, valorizou as chácaras da região que começaram a ceder espaço a exploração imobiliária.

Nessa mesma época, com a chegada de imigrantes europeus, a maioria italianos, começou a ampliação do limite urbano no Cambuci, com a abertura de ruas e a construção das casas. Várias fábricas também começaram a ser instaladas na região, como a Ramenzoni, a Nadir Figueiredo e a Villares.

Em 1895, ficou concluída a Igreja da Glória, que se originou da Capela N. S. de Lourdes, havendo antigamente na parte baixa do morro onde a igreja foi construída uma pequena cruz de madeira conhecida por Santa Cruz do Cambuci.

Por registrar um grande número de manifestações operarias no início do século 20, e por abrigar numerosos imigrantes italianos, alguns moradores afirmam que o Cambuci é o berço do anarquismo em São Paulo.

Outro fato que tem um significado especial na história do bairro foi a tomada Igreja da Glória por rebeldes durante a Revolução de 1924. Liderados pelo general Isidoro Dias Lopes, apossaram-se da igreja por 23 dias, que fica no ponto mais alto da região, de onde era possível ver o movimento das tropas na cidade.

Esses imigrantes que não se fixaram definitivamente nas regiões produtoras do café do oeste paulista e que se deslocaram para a capital, passaram a exercer várias funções. Como os operários, os italianos deixaram sua marca inconfundível na dura crítica em relação a todas as formas de exploração pelos patrões, sendo responsáveis pela conscientização política da classe trabalhadora dentro dos princípios anarquistas.

Aos operários italianos atribui-se a responsabilidade pela eclosão, já na primeira década do século XX, das primeiras e grandes greves em São Paulo, comandadas pelo Círculo Socialista. Essa organização teve origem na transformação da Liga Democrática Italiana, criada em 1900 e que reunia anarquistas, socialistas e republicanos.

Ao contrário de toda a destruição que ocorreu nessa época no Cambuci, o artista plástico Alfredo Volpi (1896-1988), nascido em Lucca na Itália, veio para o Brasil com dois anos e foi morar direto no Cambuci, de onde nunca saiu. Retratou e recriou pela arte o bairro.

O Colégio Nossa Senhora da Glória, dos Irmãos Maristas, foi um grande destaque na formação intelectual, humana e cristã de um sem-número de jovens ao longo de 107 anos de história. Colégio tradicional, de um imenso valor cultural para a cidade de São Paulo.

Oficialmente, o bairro foi criado em 19 de dezembro de 1906, pela Lei 1040 B. Atualmente, o distrito de Cambuci é composto pelos bairros de Vila Deodoro e Cambuci.

Diante do exposto, em reconhecimento ao Bairro, conto com o apoio dos nobres pares para aprovação do projeto.